sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Por que ir à Igreja


Introdução

Por que ir à igreja? Quando faço essa pergunta quero perguntar: Por que ir ao culto no templo? Por que se reunir com outras pessoas para cultuar a Deus? Qual a motivação verdadeira para sair de casa e ir cultuar a Deus com outras pessoas? Qual a motivação para priorizar na agenda semanal a adoração em comunidade? Qual a base bíblica que nos ensina a verdadeira motivação para cultuar a Deus com outras pessoas? Diante de tais perguntas, pretendo visitar esse tema com o propósito de discernir as mais íntimas motivações e intenções do coração de quem (não) vai se reunir com outras pessoas para cultuar a Deus. Este discernimento será trazido à luz dessas perguntas; e buscaremos na Palavra de Deus as motivações verdadeiras sobre cultuar a Deus juntamente com outras pessoas.

Vamos pensar sobre este tema estruturando nossa reflexão em três partes principais: (1) Porque eu não vou à igreja. Nessa parte vamos apenas descrever e avaliar as principais justificativas de quem não se reúne para cultuar a Deus. (2) Porque eu vou à igreja. Nessa parte vamos revelar as principais motivações e intenções distorcidas, enganosas e erradas de quem vai à igreja. (3) A Bíblia me motiva ir à igreja para adorar a Deus. Nessa parte vamos aprender as motivações bíblicas para cultuar a Deus em comunidade.

Parte I - Porque eu não vou à igreja

Na atual pós-modernidade, que se já se decepcionou e hoje se rebela contra toda religiosidade institucional, os vínculos religiosos estão se acabando cada vez mais rapidamente com o surgimento das múltiplas espiritualidades subjetivas, divorciadas do compromisso com qualquer instituição religiosa. Por isso, muitos perderam de vista ou ainda não enxergaram a necessidade de se reunir para adorar a Deus periodicamente e sistematicamente com compromisso de ser membro fiel de um grupo. Assim, muitos levantam algumas objeções contra a necessidade de ir à igreja. Vejamos nessa primeira parte um vídeo com alguns argumentos de pessoas que não vão à igreja e outras 15 principais objeções:


1. Eu não vou à igreja porque Deus não habita em santuários feitos por mãos humanas. Esse argumento é construído com base no texto de Atos 17:24b. Muitos advogam que Deus é maior do que o templo; sendo assim, não há necessidade de ir ao templo para adorar a Deus. Geralmente, esse é o argumento dado por aqueles que rejeitam todo tipo de reunião comunitária para adorar a Deus.

2. Eu não vou à igreja porque Deus é onipresente e onisciente. Se Deus está em todo o lugar e sabe de tudo, então não é necessário sair de casa para adorar a Deus reunido com outras pessoas, uma vez que é possível adorar a Deus dentro do nosso quarto (Mt 6:6). E com isso, muitos usam o atributo da onipresença e onisciência de Deus (Sl 139:1-12) para não cultuá-lo no templo reunido com outras pessoas.

3. Eu não vou à igreja porque eu mesmo sou a igreja. Sabendo que todo salvo é templo do Espírito Santo, e, sendo assim, é a igreja de Cristo, não há necessidade de chamar o templo de igreja. E com isso, não há dever de sair de casa para adorar a Deus no templo, pois a verdadeira adoração não acontece num lugar geográfico, mas no coração, em espírito e em verdade. Assim, uma vez que o culto não deve acontecer no templo de tijolos, mas dentro de nós mesmos, o templo do Espírito Santo (I Co 6:19, 20), conclui-se que não é necessário ir à igreja.

4. Eu não vou à igreja porque não sou um fanático religioso. Um dos argumentos de destaque para não ir à igreja é aquele que nega a necessidade de freqüentar a igreja toda a semana para cultuar a Deus, sob a justificativa de não se tornar um fanático religioso. Alguns raramente vão à igreja, e quando isso acontece é para aliviar o peso da consciência religiosa, indo apenas em dias especiais como casamento e batismo. Esse argumento não nega totalmente a importância de ir à igreja, mas não enxerga a necessidade de freqüentar o culto na igreja toda semana.

5. Eu não vou à igreja porque o culto é incompreensível e irrelevante. Muitos justificam sua ausência aos cultos na igreja porque não entendem o vocabulário usado na liturgia. As músicas, orações e o sermão são expressos numa linguagem incompreensível e de difícil explicação. Sendo assim, todo o conteúdo do culto se torna irrelevante para todos os que buscam conhecer Deus e alcançar transformação pessoal. Boa parte dos sermões pregados é recheada por jargões eclesiásticos e um dialeto evangélico conhecido exclusivamente pelos iniciados. Além disso, os assuntos pregados são desconexos da vida real e da necessidade do ouvinte. Por isso, muitos não vão à igreja porque não entendem o idioma dos crentes.

6. Eu não vou à igreja porque há monotonia e tédio em todo o culto. Este argumento é levantado por aqueles que já visitaram uma igreja onde sua liturgia se parece mais com um funeral. As músicas são enfadonhas; as orações são melancólicas, desanimadas, decoradas e repetitivas; o ritmo e o tom de voz do pregador são cansativos; e assim, a reação do público é de sonolência contagiante e náusea repugnante. Todos saem do culto torturados pela tristeza e oprimidos pelo tédio, carregando o desespero de que serão obrigados a voltar na semana seguinte para continuar esse ciclo litúrgico engessado e penitente por toda a vida. Por isso, a sensação de liberdade provocada pela ausência ao culto é considerada melhor do que o tédio do culto.

7. Eu não vou à igreja porque o culto é irracional. Muitas expressões de culto em algumas igrejas causam a impressão de que os crentes são um bando de loucos e a igreja não passa de um hospício. As danças imitam passos de animais, os ritmos das músicas são frenéticos, a melodia da voz de quem ora provoca êxtase e hipnose, o sermão é gritado num berro ensurdecedor e manipulador, a reação coletiva do auditório é um emocionalismo irracional. E assim, o tal culto é uma lavagem cerebral doentia, depressiva e opressiva.

8. Eu não vou à igreja porque todos são obrigados e forçados a ir. Muitos carregam o trauma de infância de serem obrigados e forçados a ir à igreja como castigo. Muitos pais castigaram seus filhos por meio da ameaça da obrigação de ir à igreja. Muitos se sentiam reféns de seus tutores quando eram carregados algemados para o culto e ficavam encoleirados no banco da igreja, amarrados pela camisa de força do legalismo religioso, enquanto seu coração esperneava de desejos pela libertinagem do mundo fora da igreja. Por isso, muitos vêem hoje o culto na igreja como um presídio moral ou uma casa de tortura espiritual.

9. Eu não vou à igreja porque todos os que cultuam são pecadores hipócritas. A decepção com a igreja produz o cinismo de encarar todos os cultos como o teatro moral dos crentes hipócritas. E a maior reação de vingança contra o trauma da tortura religiosa sofrida - quando descobre que a maioria dos crentes são tarados mascarados de santos - é ter ojeriza e desprezo por cultos na igreja.

10. Eu não vou à igreja porque sou condenado por ser quem sou. Muitas pessoas se sentem pecadoras demais para ir à igreja. Exemplo: Experimente convidar um travestir para ir à sua igreja. Tenho quase certeza de que a resposta dele será: “Não vou. A igreja não vai me deixar entrar nem me receber. Sou pecador demais para ser aceito na igreja”. Muitas igrejas não estão preparadas para receber pecadores em seus cultos. O culto dessas igrejas é feito por e para pessoas religiosamente perfeitas. Seus olhares de condenação apedrejam todos os pecadores carentes da graça de Deus. A discriminação pelos pecadores rouba o lugar da graça de Deus oferecida a todos. Quem ousa entrar nesses cultos, entra num julgamento litúrgico tenso que resulta numa penitência obrigatória de disciplina e discriminação. A tristeza, o medo e o castigo fazem parte de todo o culto. E quem sai do culto, leva consigo mesmo o coração ferido pela imagem de um Deus opressor, tirano e carrasco.

11. Eu não vou à igreja porque as panelinhas da igreja me excluem. Muitas pessoas deixaram de ir à igreja porque não encontraram brechas para o encontro humano, a convivência e a amizade. A antipatia, a indiferença, o medo do diferente, a discriminação, o exclusivismo destrói uma recepção calorosa, simpática, graciosa, aconchegante, digna e amorosa de boas vindas. Acredito que a falta de relacionamentos sadios e verdadeiros seja a principal causa da ausência aos cultos e da rejeição ao convite para ir à igreja. Muitos deixam de ir à igreja porque experimentaram um cenário eclesiástico de guerrilhas políticas, rivalidades ministeriais, competições legalistas de espiritualidade, muitas intrigas de irmãos etc.

12. Eu não vou à igreja porque não concordo em dar o dízimo e a oferta em dinheiro. Outras pessoas desistem de ir à igreja decepcionadas com os apelos dos pregadores da prosperidade financeira que tem enriquecido a custa das ofertas voluntárias do povo simples, carente, inocente e cheio de fé. E com isso, todos os cultos são generalizados e qualificados no mesmo patamar.

13. Eu não vou à igreja porque nada me agrada no culto. Algumas pessoas insatisfeitas negam o convite para ir à igreja porque o culto não é atraente nem agradável aos seus critérios de avaliação litúrgica. Vejo pessoas super exigentes reclamando da arquitetura do templo, do nível social dos membros da igreja, do som, do repertório das músicas, da mensagem pregada, do tempo de duração do culto etc. Enquanto uns querem que o culto seja um show de entretenimento, outros querem que seja feito igual aos cultos tradicionais do passado. Enquanto uns querem um culto que agrade somente a si próprio, outros querem fazer um culto que agrade a todos.

14. Eu não vou à igreja porque não tenho tempo. É a justificativa dada geralmente por quem trabalha muito ou daqueles que não priorizam em suas agendas um momento para cultuar a Deus na igreja. Estas pessoas trocam o dia de adoração na igreja pelo descanso em casa ou inventam algo mais importante para fazer bem na hora do culto e usam esse pretexto para não ir à igreja.

15. Eu não vou à igreja porque eu não quero. Alguns dizem que nada no culto desperta vontade de ir à igreja. Não há um só grande motivo que os atraia para a igreja. Nada os convence de ir à igreja. Outros até são convencidos que devem se reunir para cultuar a Deus juntos, mas não priorizam em suas agendas os cultos e são atraídos por outros compromissos, ou se deixam dominar pela preguiça, ou fabricam desculpas descaradamente fajutas para disfarçar o desejo real de não ir à igreja; porque, simplesmente, não querem.

Conclusão: Todas essas justificativas nos conduzem a verificar o seguinte sintoma: Além de não irem ao templo cultuar a Deus, muitos nem sequer lêem a Bíblia ou oram em casa com suas famílias e/ou amigos. Geralmente, quem dá essas justificativas nem sequer cultua a Deus sozinho em casa; assim, sua comunhão com Deus se torna cada vez mais rara, superficial e distante. Essas justificativas merecem nossa atenção e nos conduzem a rever a necessidade de aprender sobre a motivação bíblica de freqüentar o culto público.Além disso, a negação de ir à igreja merece nossa atenção porque aponta para as fraquezas da identidade e missão da igreja de ser igreja; e, consequentemente, nos chamam a rever o conceito bíblico da espiritualidade da igreja criada e descrita por Jesus. 

Em Cristo, que chama todos a irem à sua Igreja, até mesmo os que não gostam de ir à "igreja"

Jairo Filho

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