quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O que é pecado?


 
Muita gente pergunta para mim: Isso é ou não é pecado? Aquela pessoa é mais pecadora do que a outra? Esse pecado é maior do que aquele? Por que esse bebê já é considerado pecador? Por que todos somos pecadores? Por que o bem que quero fazer eu não faço? O que é pecado?

A definição mais comum para pecado é “infringir normas divinas”. I João 3:4 afirma isso: “Todo aquele que pratica o pecado transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei”. Com base nesse e outros textos, o teólogo Millard Erickson definiu pecado como “qualquer falta de conformidade, ativa ou passiva com a lei moral de Deus". Semelhantemente, o teólogo Wayne Grudem define pecado como “deixar de se conformar à lei moral de Deus, seja em ato, seja em atitude, seja em natureza”. Perceba que a ênfase dessas definições de pecado recai sobre “conformidade com a lei” e sobre a idéia de que há uma autoridade legisladora suprema.

Diante disso, como traduzir o conceito bíblico de pecado para a atual geração pós-moderna? Para muitos, o conceito de pecado não faz o menor sentido nem diferença. Isso acontece porque temos alguns pressupostos filosóficos, culturais e religiosos impreguinados na mentalidade pós-moderna que impedem a absorção do conceito bíblico de pecado como transgressão à lei de Deus. Vejamos esses pressupostos:

1. Rejeição à autoridade legisladora: A geração pós-moderna absorveu uma mentalidade avessa a toda e qualquer autoridade legisladora. O ditado popular sugere que toda lei foi feita para se desobedecer. Há um espírito de rebelião na natureza humana e no comportamento da sociedade que rejeita normas, leis, regras civis e, principalmente, religiosas. A cultura religiosa popular desenhou um Deus autoritário e ditador de condutas morais com alto padrão de exigência e ameaça de castigo aos trangressores. Para você ter uma idéia, no interior do Nordeste, todo evangélico é aquele que entrou para a "lei dos crentes". Isso acontece porque a religiosidade cristã produziu uma teologia moral de causa e efeito que resume a relação com Deus exclusivamente em obedecer às regras de Deus para ser premiado; ou, se desobedecer, ser castigado. Dessa forma, como falar de pecado para uma geração que rejeita ditaduras morais e religiosas e enxerga Deus como um legislador autoritário?

2. Relativização da verdade: Uma vez rejeitando as legislações impostas, a geração pós-moderna absorveu também uma mentalidade que relativiza valores morais, éticos e religiosos. Agora há um descaso com qualquer autoridade externa ao individuo. Quando falamos que isso ou aquilo é pecado, logo somos interrogados: “Quem é você para dizer o que é certo ou errado?” Agora, a verdade é produzida pela jurisdição interior de cada individuo. E a verdade deixa de ser absoluta para ser relativizada por cada um. Em resumo, nossa geração vive o adágio popular de que cada cabeça tem sua sentença. 


3. Renúncia à confissão de pecados: Outro desafio a tradução bíblica do conceito de pecado para atual geração pós-moderna é a apologia à justificação da própria inocência. A filosofia do direito esina que todo cidadão tem o direito de não produzir ou apresentar provas para condenar a si próprio. Por exemplo: Todo cidadão tem o direito de renunciar o teste do bafômetro quando for parado pela polícia rodoviária, porque não é obrigado a plantar provas contra si, mesmo flagrado plenamente alcoolizado. Esse direito é vivido por todos, em todas as circunstâncias, sejam morais, legais ou espirituais. Somos treinados, desde cedo, a nunca confessar nossas fraquezas emocionais, vícios morais, erros sociais, transgressões legais e pecados espirituais e religiosos. A apologia à justificação da própria inocência gera a cultura da justiça própria. Ninguém tem pecado. Não existe pecado. Todos somos inocentes. E todos se esforçam para se auto-justificar, escondendo seu caráter e preservando uma reputação irrepreensível perante a moral da maioria. Por isso, surgem os hipócritas religiosos que se escondem atrás de sua justiça própria de compensação de erros por meio de boas obras, e surgem libertinos caras de pau que mascaram seus delitos morais, civis e religiosos na própria justificação da mentalidade do "errar é humano" e "todo mundo faz o mesmo". E se todo mundo faz o mesmo, não é errado, muito menos é pecado. Assim, a palavra arrependimento jamais estará no vocabulário de nossa geração, porque ninguém é pecador.

Eis os três pressupostos de nossa geração que provocam o desafio de traduzir o conceito bíblico de pecado.

Diante disso, como definir o que é pecado para uma geração pós-moderna que rejeita toda autoridade legisladora, relativiza a verdade e renuncia a confissão de pecados com a apologia à justificação da própria inocência?
 
Pense nisso!

Em Cristo, o Senhor legislador que encarnou a verdade absoluta perdoando todos os arrependidos.

Jairo Filho

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